quarta-feira, 22 de abril de 2009

Vestibular unificado de federais tem prós e contras

Foto: Google

A proposta do MEC (Ministério da Educação) para a unificação dos vestibulares de universidades federais não acarretará em mudanças apenas para o setor, mas também trará transformações para os estudantes que pretendem ingressar no Ensino Superior. O próprio ministro da Educação, Fernando Haddad, admite isso. Dentre as novidades, ele destaca a mobilidade estudantil. Segundo Haddad ela tende a crescer devido à possibilidade de alunos da região Sudeste, por exemplo, se candidatarem a vagas de instituição de outras regiões do País.
As conseqüências das mudanças para os aspirantes à graduação em IES (Instituições de Ensino Superior) federais, no entanto, dividem a opinião dos entrevistados. Alguns vêem benefícios nas medidas, enquanto outros acreditam que a proposta, no formato desenhado atualmente, pode prejudicar alguns estudantes.

Os prós
Um dos efeitos da unificação é que a mobilidade estudantil tende a crescer. "Isso porque os candidatos não precisam viajar para realizar o vestibular. O sistema permitirá aos estudantes se candidatarem a cinco cursos de qualquer instituição participante do País", diz o coordenador de concursos e exames vestibulares da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), José Eurico Leitão de Almeida.
Entretanto, a presidente da CCV/UFC (Comissão Coordenadora do Vestibular da Universidade Federal do Ceará), Maria de Jesus de Sá Correia, acredita que tal possibilidade será aproveitada apenas por estudantes bem preparados. "O modelo proposto é inteligente e avaliará o que o aluno aprendeu ao longo dos anos sem as peculiaridades que cada vestibular cobra", argumenta. Almeida complementa. "Por isso, os que se dedicaram terão mais chances de ser aprovados nas melhores escolas".
A prova única também reduzirá a pressão sobre os vestibulandos, acredita Raul Von der Heyde, coordenador do núcleo de concursos da UFPR (Universidade Federal do Paraná). "Com apenas uma prova, isso significa menos estresse para o candidato, que não enfrentará diversos exames e evitará, inclusive, viagens", declara ele.
Além disso, o presidente da Copeve/UFAL (Comissão Permanente do Vestibular da Universidade Federal de Alagoas), José Carlos Almeida, acredita que o formato do novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) vai melhorar a qualidade do Ensino Médio. "A mudança no processo seletivo avaliará a capacidade de raciocínio, lógica e interpretação dos candidatos. As escolas os prepararão para resolver esse tipo de prova e isso tende a melhorar a qualidade do ensino", comenta ele.
Júlio Felipe Szeremeta, presidente da Coperve/UFSC (Comissão Permanente do Vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina), concorda que o Ensino Médio apresentará melhoras. "Entretanto, só poderemos perceber isso em longo prazo". Ele diz ainda que a possibilidade de mudar de cidade ou Estado para estudar vai despertar o interesse de estudantes que nunca pensaram em tal possibilidade. "Aprender a se relacionar com novos colegas e outras culturas torna o jovem mais preparado para o mercado de trabalho", avalia ele.
Maria de Jesus partilha da opinião de Szeremeta e acrescenta que mudar de cidade poderá transformar os estudantes em adultos mais maduros. "Ao sair de casa, há um aprendizado de como se relacionar com o novo. Isso ajuda no amadurecimento e na emancipação, o indivíduo se torna mais autônomo", afirma ela.
A presidente da CCV/UFC avalia que a possibilidade de usar notas de exames passados para o ingresso na universidade será outro benefício aos candidatos. "Se eles tiveram uma nota boa, não é preciso prestar outra prova para se candidatar à universidade. Entretanto, para que a avaliação seja justa, todos os exames deverão avaliar os mesmos pontos e conteúdos", pondera Maria de Jesus.

Os contras
Apesar dos aspectos positivos, as novidades trazem também alguns aspectos negativos. Certos benefícios apontados pelos entrevistados vêm acompanhados de ressalvas, como é o caso da própria mobilidade. "O governo precisa garantir que um aluno que sai da cidade natal para estudar tenha acesso a alimentação e moradia, por exemplo", salienta Heyde. A preocupação de Maria de Jesus é mais pontual. "Os alunos saem do Ensino Médio e entram na graduação muito novos. É preciso avaliar se a distância da família não os prejudicará, pois alguns podem não desenvolver a maturidade que a vida sozinho exige", alerta ela. Para Maria de Jesus, isso pode levá-los a desistir do curso.
Com o novo formato, a procura pelos cursos deve se modificar. "Alguns cursos podem ter mais procura e o ingresso será mais difícil", afirma o presidente da Copeve/UFAL. Maria de Jesus, porém, afirma que apenas cursos de ponta terão mais procura. "Graduações de pouca concorrência continuarão a receber poucas inscrições", adverte ela.
Há quem acredite que o novo modelo poderia ainda gerar prejuízo para alguns vestibulandos, decorrente da possibilidade de migração entre cursos proporcionada pelo sistema a ser adotado. "Com a possibilidade de mudar as opções, provavelmente haverá casos de alunos que queiram um curso com nota de corte alta, mas, ao perceberem que os concorrentes têm nota maior, poderão migrar para cursos mais fáceis de serem aprovados", explica Szeremeta. Para Heyde, isso pode prejudicar candidatos que tinham como primeira opção cursos com nota de corte mais baixa. Estudantes com aptidão para certas carreiras poderiam dessa forma ser prejudicados por colegas que ocupariam essas vagas apenas para não fracassar no vestibular. "Um outro estudante pode ficar com a vaga de alguém que estava decidido a seguir a carreira [com nota de corta mais baixa] como profissão", diz Heyde. // Fonte: Universia, por Mariana Bevilacqua

Um comentário:

Ksaradvogado disse...

Paciente terminal pode interromper tratamento?

Tratamento que suspende combate a doença pode deixar de ser crime e não enfrenta resistência como no debate sobre eutanásia...

leia mais:
http://www.senado.gov.br/jornal/noticia.asp?codNoticia=81946&dataEdicaoVer=20090406&dataEdicaoAtual=20090422&codEditoria=807&nomeEditoria=Debates

Excelente assunto para postar, desculpe mandar assim, por comentário; apenas não sei enviar noutra forma!!!

Abraço fraterno.

Paz e Luz.

Mário Cesar
Facet/Direito
1ºB