sábado, 11 de outubro de 2008

Operação Avalanche

Foto: Google

Dezessete pessoas foram presas nesta sexta-feira na Operação Avalanche.
Segundo a Polícia Federal, 13 pessoas eram de São Paulo e outras quatro, de Minas Gerais. Entre os presos em MG, está o empresário Marcos Valério, conhecido por ter supostamente articulado o esquema do mensalão, que teria oferecido o pagamento de propina a deputados da base aliada do governo em troca de favores políticos.
Marcos Valério foi preso sob a acusação de ter comandado um grupo para tentar livrar a Cervejaria Petrópolis de uma autuação de R$ 100 milhões por ter sonegado impostos. Além dele, segundo a PF, foram presos dois investigadores da Polícia Civil, três policiais federais da ativa, dois policias federais aposentados, três advogados, dois empresários, três despachantes aduaneiros e um servidor da Receita Federal.
De acordo com o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, a Operação Avalanche descobriu três núcleos de atuação.
Marcos Valério e seu sócio, Rogério Tolentino, fariam parte do terceiro núcleo. Para tentar livrar a Cervejaria Petrópolis da autuação, ambos teriam mantido contatos com policiais federais de Santos (SP) para instaurar um inquérito policial contra os fiscais que haviam autuado a empresa. Para isso, teriam se utilizado de informações falsas. Nos autos, esse núcleo consta como sendo o da espionagem.
Já os demais núcleos seriam o de extorsão (primeiro núcleo) e o de fraude fiscal (segundo núcleo). Os três grupos se interligavam com a troca de informações entre os policiais envolvidos. - Eles trocavam informações fiscais - explicou o superintendente da PF.
- A investigação começou no final do ano passado por uma extorsão que estaria sendo praticada por um policial federal em parceria com um policial civil. Temos um empresário da região do Brás que passava informações sobre outros empresários que poderiam estar com problemas fiscais. Um outro personagem obtinha as informações fiscais e repassava para os policiais, que pressionavam então esse empresário para receber alguns pagamentos e não ter nenhuma ação fiscal ou policial – disse Coimbra, durante entrevista coletiva em São Paulo.
- Dessa investigação chegamos a um outro grupo que trabalhava na região de Santos, com a criação de empresas de aluguel para fraudar tributos referentes à importação. Nesse outro grupo, vamos ter a presença de dois policiais federais aposentados, dois despachantes aduaneiros e um empresário - descreveu o superintendente. Esse grupo, segundo os autos da Justiça Federal, atuava principalmente em importações com indícios de irregularidades.
No primeiro núcleo, o agente da Polícia Federal Francisco PellicelJúnior, com apoio de Edson Alves da Cruz, utilizava-se de informações passadas pelos empresários Afonso José Penteado Aguiar e Roberto Peixoto para fazer “exigências indevidas a empresários da região da Rua 25 de Março ou que tinham atividades voltadas à importação e à exportação pelo Porto de Santos”. Eles se aproximavam dos empresários e diziam possuir informações sigilosas contra eles e que poderiam resultar numa operação da Polícia Federal. Para livrá-los dessa possível investigação, exigiam R$ 2 milhões dos empresários.
Já no segundo núcleo, o engenheiro técnico da Receita Federal Giorgio Khouri Zarif auxiliava o empresário José Roberto do Nascimento a tentar criar procedimentos ilícitos de importação e liberação de mercadorias.
Além de sonegação de impostos e subfaturamento de mercadorias, o núcleo também era responsável pela importação de veículos estrangeiros, colocando-os em território nacional de forma ilícita.
De acordo com a Polícia Federal, todos os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo 24 deles no estado de São Paulo, oito em Minas Gerais e um no Espírito Santo. Dos mandados de prisão, 13 foram cumpridos em São Paulo e quatro em Minas Gerais, sendo um deles o do empresário Marcos Valério.
Segundo a Justiça Federal, foram presos temporariamente Giorgio Kouri Zarif, Yussef Nakamori do Nascimento, José Roberto Nascimento, Leandro Marinny Lage Balducci, Eloá Leonor da Cunha Velloso, José Ricardo Tremura, Eduardo Roberto Peixoto e Afonso José Penteado Aguiar.
A Justiça também decretou a prisão preventiva de Francisco Pellicel Junior, Paulo Endo, Daniel Ruiz Balde, Silvio Oliveira Salazar, Antonio Vieira da Silva Hadano, Edison Alves Cruz, Fábio Tadeu dos Santos Gatto, Marcos Valério Fernandes de Souza, Rogério Lanza Tolentino e Ildeu da Cunha Pereira. // Fonte: JB Online

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