Cronologia do maior massacre (matéria publicada na Revista Superinteressante Ediçao 216)
No dia 2 de outubro de 1992, o pavilhão 9 da Casa de Detenção Carandiru foi o cenário de um dos episódios mais sangrentos da história penitenciária mundial. Quase 13 anos depois, o caso ainda é alvo de controvérsia. De um lado, o chefe da operação diz que agiu no estrito cumprimento do dever. Do outro, grupos de direitos humanos acreditam que houve intenção de exterminar os presos e reclamam que ninguém foi punido. Conheça os detalhes de um dia que já virou livro, filme, série de TV e entrou para a história.
10:00
Enquanto, no pátio, rola uma partida de futebol, 2 detentos (Barba e Coelho) começam a brigar dentro do pavilhão. Logo, os presos se dividem em 2 grupos rivais e a briga se espalha pelos andares.
Enquanto, no pátio, rola uma partida de futebol, 2 detentos (Barba e Coelho) começam a brigar dentro do pavilhão. Logo, os presos se dividem em 2 grupos rivais e a briga se espalha pelos andares.
14:00
A rebelião já está instalada e todos os carcereiros já abandonaram o local. Há fogo do lado de dentro, mas não há reivindicações por parte dos presos. O chefe da Casa de Detenção pede reforços da PM.
15:30
Chamados pelo diretor da Casa de Detenção, cerca de 320 policiais estacionam fora do pavilhão 9. Entre eles, homens de batalhões de elite como Rota, Gate, 30 Choque e Cavalaria, além de alguns bombeiros. O diretor do presídio, Ismael Pedrosa, tenta uma última negociação. Do lado de dentro, a confusão está instaurada.
16:00
Grupos de direitos humanos alegam que os presos decidem pôr fim à rebelião e que muitos entregam as armas. A versão da polícia diz que as armas estavam sendo atiradas pelas janelas contra os policiais.
A rebelião já está instalada e todos os carcereiros já abandonaram o local. Há fogo do lado de dentro, mas não há reivindicações por parte dos presos. O chefe da Casa de Detenção pede reforços da PM.
15:30
Chamados pelo diretor da Casa de Detenção, cerca de 320 policiais estacionam fora do pavilhão 9. Entre eles, homens de batalhões de elite como Rota, Gate, 30 Choque e Cavalaria, além de alguns bombeiros. O diretor do presídio, Ismael Pedrosa, tenta uma última negociação. Do lado de dentro, a confusão está instaurada.
16:00
Grupos de direitos humanos alegam que os presos decidem pôr fim à rebelião e que muitos entregam as armas. A versão da polícia diz que as armas estavam sendo atiradas pelas janelas contra os policiais.
16:30
A polícia rompe a barricada e entra no pavilhão. O cel. Ubiratan diz que 86 homens participaram da operação. A promotoria diz que eram mais de 300 – a maioria sem os crachás de identificação.
16:45
No térreo, a situação é controlada facilmente. A defesa de Ubiratan alegou que ele foi atingido por uma explosão ao tentar subir para o 10 andar e levado ao hospital, ficando fora da operação.
16:50
No 1º andar, policiais encontram nova barricada, com um preso morto pendurado de cabeça para baixo. 26 homens teriam sido assassinados neste piso, segundo a perícia.
17:00 - Versão da polícia
Centenas de presos preparam uma tocaia. Policiais são recebidos com facadas, estiletes sujos de sangue contaminado, sacos cheios de fezes e urina, e tiros. Atiram para se proteger. Segundo Ubiratan, se houvesse intenção de exterminar os presos, muitos outros teriam morrido. "Só morreu quem entrou em confronto com a polícia", disse à Super. A perícia concluiu que apenas 26 foram mortos fora da cela.
17:00 - Versão dos presos
Os detentos haviam se rendido e estavam dentro das celas desarmados. "As trajetórias dos projéteis disparados indicavam atirador(es) posicionado(s) na soleira das celas, apontando suas armas para os fundos ou laterais", diz o laudo do Instituto de Criminalística. A perícia também concluiu que 70% dos tiros foram dirigidos à cabeça e ao tórax, o que reforça a idéia de extermínio. Para escapar com vida, presos se misturaram aos colegas mortos.
17:30
A perícia não encontrou indícios de confronto no 3º e 4º andares, o que reforça a teoria de que o enfrentamento entre polícia e presos se deu principalmente nos pisos inferiores.
18:00
Policiais mandam que os presos tirem a roupa e desçam para o pátio interno. Grupos de direitos humanos alegam que muitos foram executados durante essa operação.
19:00
Presos são escalados para carregar os corpos até o 1º andar, onde são empilhados, modificando o cenário do episódio e dificultando as conclusões da perícia.
Pedro Franco de Campos
Era secretário de Segurança Pública do estado e foi exonerado após o massacre. Não estava no local, mas autorizou a invasão do pavilhão 9, desde que houvesse consenso entre as autoridades presentes sobre a ação.
José Ismael Pedrosa
Era diretor da Casa de Detenção. Após o episódio, foi afastado do cargo. Foi ele quem acionou a PM, depois que a rebelião havia sido deflagrada.
Cel. Ubiratan Guimarães
Era comandante de Policiamento Metropolitano da PM e chefiou a invasão. Foi julgado e condenado, mas aguarda em liberdade seu pedido de recurso. Foi eleito deputado estadual, em 2002.
A polícia rompe a barricada e entra no pavilhão. O cel. Ubiratan diz que 86 homens participaram da operação. A promotoria diz que eram mais de 300 – a maioria sem os crachás de identificação.
16:45
No térreo, a situação é controlada facilmente. A defesa de Ubiratan alegou que ele foi atingido por uma explosão ao tentar subir para o 10 andar e levado ao hospital, ficando fora da operação.
16:50
No 1º andar, policiais encontram nova barricada, com um preso morto pendurado de cabeça para baixo. 26 homens teriam sido assassinados neste piso, segundo a perícia.
17:00 - Versão da polícia
Centenas de presos preparam uma tocaia. Policiais são recebidos com facadas, estiletes sujos de sangue contaminado, sacos cheios de fezes e urina, e tiros. Atiram para se proteger. Segundo Ubiratan, se houvesse intenção de exterminar os presos, muitos outros teriam morrido. "Só morreu quem entrou em confronto com a polícia", disse à Super. A perícia concluiu que apenas 26 foram mortos fora da cela.
17:00 - Versão dos presos
Os detentos haviam se rendido e estavam dentro das celas desarmados. "As trajetórias dos projéteis disparados indicavam atirador(es) posicionado(s) na soleira das celas, apontando suas armas para os fundos ou laterais", diz o laudo do Instituto de Criminalística. A perícia também concluiu que 70% dos tiros foram dirigidos à cabeça e ao tórax, o que reforça a idéia de extermínio. Para escapar com vida, presos se misturaram aos colegas mortos.
17:30
A perícia não encontrou indícios de confronto no 3º e 4º andares, o que reforça a teoria de que o enfrentamento entre polícia e presos se deu principalmente nos pisos inferiores.
18:00
Policiais mandam que os presos tirem a roupa e desçam para o pátio interno. Grupos de direitos humanos alegam que muitos foram executados durante essa operação.
19:00
Presos são escalados para carregar os corpos até o 1º andar, onde são empilhados, modificando o cenário do episódio e dificultando as conclusões da perícia.
Pedro Franco de Campos
Era secretário de Segurança Pública do estado e foi exonerado após o massacre. Não estava no local, mas autorizou a invasão do pavilhão 9, desde que houvesse consenso entre as autoridades presentes sobre a ação.
José Ismael Pedrosa
Era diretor da Casa de Detenção. Após o episódio, foi afastado do cargo. Foi ele quem acionou a PM, depois que a rebelião havia sido deflagrada.
Cel. Ubiratan Guimarães
Era comandante de Policiamento Metropolitano da PM e chefiou a invasão. Foi julgado e condenado, mas aguarda em liberdade seu pedido de recurso. Foi eleito deputado estadual, em 2002.
(O deputado estadual pelo PTB paulista e candidato à reeleição Ubiratan Guimarães, que coordenou a invasão ao presídio do Carandiru em 1992, com o saldo de 111 presos assassinados, foi encontrado morto em seu escritório em 2006, na cidade de São Paulo. Ubiratan Guimarães era coronel da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde atuou por 34 anos. Devido ao "massacre" do Carandiru, Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pela morte de presos no pavilhão 9, mas o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou recurso e o absolveu. A decisão gerou protestos de órgãos nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos) (sic).
A rebelião tomou conta de quase todo o pavilhão, mas os pisos mais afetados foram os inferiores. A área representada no infográfico acima é a que aparece colorida no esquema à direita.
• 8 presos mortos. Foi o que a polícia divulgou no dia, véspera de eleição.
• 111 presos mortos (é o número oficial, apesar de ex-detentos insistirem em mais de 200).
• 103 vítimas de disparos.
• 8 vítimas de objetos cortantes.
• 0 policial morto.
• 130 detentos feridos.
• 23 policiais feridos.
• 515 tiros disparados.
• 120 policiais indiciados.
• 86 policiais julgados.
• 1 policial condenado (cel. Ubiratan).
• 632 anos de prisão foi a sentença.
// Fonte: Superinteressante
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